EUA revogam vistos de Moraes, familiares e aliados do STF em resposta a ações contra Bolsonaro
Decisão do governo Trump ocorre em meio ao endurecimento das medidas judiciais contra o ex-presidente brasileiro; clima entre Brasília e Washington se agrava
Washington endurece tom contra o STF brasileiro
O governo dos Estados Unidos decidiu revogar os vistos de entrada do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de familiares e pessoas próximas ligadas à Corte. A informação foi confirmada por fontes do Departamento de Estado na manhã desta sexta-feira (18), e representa uma escalada nas tensões entre Washington e Brasília.
Segundo autoridades americanas, a medida responde diretamente ao que foi classificado como uma “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, promovida por decisões recentes do Judiciário brasileiro.
“Os Estados Unidos não podem compactuar com ações que comprometem liberdades civis e o equilíbrio institucional em democracias parceiras”, declarou Marco Rubio, atual secretário de Estado no governo Trump.
Ofensiva judicial contra Bolsonaro gera reações internacionais
No Brasil, o ministro Moraes determinou uma série de restrições a Bolsonaro, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, proibição de comunicação com embaixadas estrangeiras e recolhimento domiciliar noturno. A Polícia Federal também realizou buscas na residência do ex-presidente, onde foram apreendidos valores em espécie.
Essas ações geraram forte repercussão no exterior, especialmente entre apoiadores de Bolsonaro nos Estados Unidos. Para o governo americano, as decisões adotadas pelo STF extrapolam a esfera jurídica e adentram o campo político, violando, segundo eles, princípios do devido processo legal.
Decisão amplia atrito entre os governos Lula e Trump
O episódio ocorre num momento de crescente distanciamento diplomático entre os dois países. Nos últimos dias, o presidente Trump já havia sinalizado insatisfação com o governo Lula ao anunciar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA.
A revogação dos vistos de membros do STF e seus familiares representa uma medida sem precedentes na relação bilateral recente. Ainda que parte da decisão tenha sido recebida com cautela no Itamaraty, interlocutores do Palácio do Planalto classificaram o gesto como “hostil e inaceitável”.
“A tentativa de interferência estrangeira nas instituições brasileiras não será tolerada. O Brasil respeita sua soberania”, afirmou um assessor direto do presidente Lula sob condição de anonimato.
Moraes ainda não se pronunciou
Até a publicação desta reportagem, o ministro Alexandre de Moraes não havia se manifestado publicamente sobre a decisão do governo dos EUA. Contudo, aliados do magistrado indicaram que ele manterá a postura de “reserva institucional” diante do ocorrido.
Internamente, ministros do STF enxergam a medida como uma afronta à independência do Judiciário brasileiro e avaliam formas de resposta diplomática, embora sem consenso sobre eventuais reações práticas.
Clima é de incerteza
Com a crescente deterioração do ambiente político-diplomático entre os dois países, analistas apontam que os próximos movimentos serão decisivos para o futuro das relações Brasil-EUA. A imposição de restrições a integrantes do Supremo e familiares é vista como um sinal de que Washington está disposto a intervir de forma mais incisiva no debate político brasileiro.
Além disso, o gesto pode servir de combustível para fortalecer narrativas no campo bolsonarista, que há meses alegam perseguição judicial no país. O impacto dessa crise sobre o cenário eleitoral de 2026 também começa a ser discutido nos bastidores da política nacional.