Operação Contenção: 24h de confronto no Rio deixam 121 mortos e expõem o caos na cidade
Rio de Janeiro — A madrugada de terça-feira (28/10) marcou o início da maior operação policial da história do Rio de Janeiro. Batizada de Operação Contenção, a ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar com o objetivo de cumprir mandados contra líderes e integrantes do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital.
Em 24 horas de intenso confronto, o cenário foi de tiroteios, explosões e drones adaptados para lançar granadas, um recurso inédito em ações desse porte no estado, segundo a Polícia Civil.
O balanço final, divulgado na quarta-feira (29/10), registrou 121 mortos — sendo 117 suspeitos e quatro policiais — e 113 presos. As forças de segurança também apreenderam 118 armas de fogo, 14 artefatos explosivos, grande quantidade de munições e toneladas de drogas.
Confronto na mata e retirada de corpos
De acordo com as autoridades, o plano da operação era deslocar o confronto para áreas de mata da Serra da Misericórdia, com o intuito de reduzir o risco para os moradores. A estratégia, porém, resultou em combates violentos em regiões de difícil acesso e em um alto número de mortos na mata que separa os complexos da Penha e do Alemão.
Na manhã seguinte, moradores começaram a retirar os corpos da área e levá-los até a Praça São Lucas, na Vila Cruzeiro. No local, dezenas de cadáveres foram enfileirados em sacos pretos para reconhecimento, muitos com marcas de tiros e ferimentos por arma branca.
Disputa de narrativas e pressão política
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, classificou a operação como “o maior baque da história do Comando Vermelho”. Ele afirmou que todos os mortos eram integrantes armados da facção e que o planejamento foi feito para evitar vítimas inocentes.
“Quem optou pelo confronto foi neutralizado”, declarou Curi durante coletiva de imprensa.
Por outro lado, moradores e entidades de direitos humanos denunciaram excessos e possíveis execuções, classificando o episódio como um massacre. As organizações cobram investigações independentes para apurar as circunstâncias das mortes e eventuais abusos cometidos durante a ação.
A Operação Contenção deixou o Rio de Janeiro em estado de tensão e luto, reacendendo o debate sobre o uso da força policial, a segurança nas favelas e a responsabilidade do Estado em operações de grande escala.
