Bolsonaro participa de reunião emergencial do PL no Congresso durante recesso parlamentar
Ex-presidente critica tornozeleira eletrônica e articula reação política às decisões do STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve nesta segunda-feira (21) no Congresso Nacional para participar de uma reunião emergencial com parlamentares do Partido Liberal. O encontro ocorreu mesmo durante o recesso parlamentar e reuniu mais de 30 deputados e senadores da base aliada, demonstrando forte mobilização em torno das recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que impuseram restrições ao ex-mandatário.
Reunião com aliados
Convocada com caráter de urgência, a reunião teve como pauta principal as medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, na última quinta-feira (18). As determinações incluem o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de contatos com outros investigados e suspensão do uso das redes sociais por Bolsonaro.
Durante o encontro, o ex-presidente distribuiu bandeiras do Brasil autografadas aos parlamentares e apoiadores presentes. Em um gesto simbólico, escreveu a data do dia em algumas bandeiras, enquanto usava a tornozeleira eletrônica visivelmente exposta. “Símbolo da máxima humilhação”, teria dito a interlocutores sobre o dispositivo, segundo relatos divulgados pela imprensa.
Mobilização e propostas
A bancada do PL afirmou que pretende apresentar uma série de iniciativas em resposta ao que considera uma escalada de decisões monocráticas por parte do STF. Entre as propostas ventiladas, estão a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis abusos de autoridade no Judiciário, o fim do foro privilegiado e o estabelecimento de limites para decisões individuais de ministros da Suprema Corte.
Embora o Congresso esteja oficialmente em recesso, a presença de Bolsonaro e de parlamentares de diversas regiões do país demonstra a tentativa do partido de transformar o episódio em um momento de reposicionamento político.
Contexto judicial
As medidas restritivas contra Bolsonaro fazem parte do inquérito das milícias digitais, que investiga supostas ações antidemocráticas, articulações contra o sistema eleitoral e incitação à ruptura institucional. A decisão de Alexandre de Moraes foi considerada dura por aliados de Bolsonaro, que classificaram o momento como “grave” e “sem precedentes na história política recente do país”.
Disputa de narrativas
O evento também ganhou repercussão nas redes sociais, onde apoiadores do ex-presidente utilizaram imagens da reunião e das bandeiras como forma de reforçar uma narrativa de perseguição e resistência. A presença de Bolsonaro no Congresso, mesmo sob restrições, foi interpretada como um sinal de que ele pretende continuar influente dentro da base conservadora, mesmo sem cargo público.
Sem previsão de retomada do recesso até o início de agosto, a reunião desta segunda marca uma antecipação das articulações eleitorais e judiciais para o segundo semestre, em um momento em que a tensão entre os Poderes volta a ocupar o centro do debate político em Brasília.