Prefeita de Iporá decreta calamidade financeira e convoca população para ajudar na reforma dos cemitérios
Gestão declara crise e adota medidas de emergência
A prefeita de Iporá, Maísa Peres Cunha Peixoto, decretou estado de calamidade financeira no município. A medida tem validade inicial de 180 dias e pode ser prorrogada. O decreto, segundo a gestora, foi necessário por causa da grave crise herdada da gestão anterior (2021–2024).
De acordo com a prefeitura, o alto endividamento comprometeu o equilíbrio fiscal. Além disso, há inadimplência com fornecedores e dificuldade para manter serviços básicos. O decreto tem efeitos retroativos a 1º de janeiro de 2025.
Cortes, suspensão de gastos e gabinete especial
Com o decreto, foi criado um Gabinete de Crise. Ele é composto pela chefe do Executivo e pelas secretarias de Administração, Finanças e Controle Interno. O grupo tem poder para intervir em todos os setores da prefeitura.
Entre as medidas, estão a suspensão de novas despesas com recursos próprios. Também foram cortadas horas extras, salvo em áreas essenciais. Convênios que exigem contrapartida financeira serão revisados. Além disso, a fusão de secretarias e extinção de cargos estão em estudo.
Prefeita apela à população para reformar cemitérios
Mesmo diante do cenário crítico, a prefeita fez um apelo público. Ela pediu que a população ajude na reforma dos dois cemitérios da cidade — o antigo e o novo. O objetivo, segundo ela, é deixá-los em boas condições até o Dia de Finados, em 2 de novembro.
Maísa destacou que pedir apoio não é motivo de vergonha. Pelo contrário, afirmou que é uma forma de respeitar a memória dos entes queridos. No entanto, a declaração gerou reações divididas entre moradores.
Pedidos incluem materiais e trabalho voluntário
A prefeita convocou a comunidade para doar materiais como areia, brita, tijolos e cimento. Além disso, também solicitou ajuda com mão de obra voluntária. Um mutirão está previsto para os próximos dias.
Para o cemitério antigo, o servidor Carlão, com experiência em máquinas, foi indicado para coordenar os trabalhos. Porém, Maísa reconheceu problemas estruturais. Faltam água, energia e condições mínimas para a manutenção do local.
Já no cemitério novo, o desafio é ainda maior. Com a ampliação do espaço, não é possível manter o local apenas com um servidor.
Pedido levanta questionamentos sobre dever do poder público
Embora a mobilização comunitária seja válida em tempos de crise, o apelo da prefeita gerou críticas. Muitos questionam se a responsabilidade de manter os cemitérios deveria ser transferida à população. Afinal, cuidar desses espaços é um dever básico do poder público.
Além disso, ao pedir apoio direto da população, a gestão corre o risco de normalizar a precariedade. Mesmo com dificuldades financeiras, a administração precisa buscar soluções institucionais. Transferir funções essenciais à comunidade pode parecer omissão.
A união da população pode ajudar, sim. Contudo, ela não deve substituir o papel do Estado. A dignidade dos moradores — vivos ou falecidos — depende de ações públicas firmes e planejadas.
Interessados em colaborar com doações ou voluntariado podem procurar a Prefeitura de Iporá. Ainda assim, espera-se que a gestão encontre meios de enfrentar a crise sem depender exclusivamente da boa vontade dos cidadãos.