Política

Provas obtidas pela Revista Veja mostram que Mauro Cid mentiu em depoimento no STF, defesa contesta a veracidade das mensagens e diz vai ao STF

Durante seu depoimento, que durou quase quatro horas, Mauro Cid utilizou com frequência expressões como “não me lembro” e “não me recordo”. No entanto, uma nova revelação, com o potencial de causar impactos significativos no andamento do julgamento, surgiu no final da audiência.

De acordo com informações exclusivas da Veja, o tenente-coronel teria prestado declarações falsas. Quando questionado por Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, sobre o uso de um perfil de Instagram que não estava registrado em seu nome para tratar de temas relativos à delação, Cid negou ter feito uso de redes sociais. Contudo, após insistência do advogado, ele hesitou e sugeriu que o perfil poderia ser o de sua esposa, Gabriela Cid. No momento em que assinou o acordo de delação premiada, Cid comprometeu-se a dizer a verdade, manter sigilo sobre as informações reveladas, não interagir com outros investigados e se abster de usar redes sociais, entre outras obrigações, para garantir os benefícios da colaboração.

Para o advogado Celso Vilardi, Cid violou ao menos duas condições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. As evidências que comprovariam essas infrações estão ligadas a um conjunto de mensagens trocadas entre o tenente-coronel e uma pessoa próxima de Bolsonaro. De acordo com a Veja, que teve acesso a essas mensagens, elas ocorreram entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, período no qual o acordo de colaboração já havia sido homologado por Moraes há cerca de cinco meses. Durante esse período, Mauro Cid usava uma tornozeleira eletrônica, era obrigado a se apresentar semanalmente a um juiz e estava proibido de se comunicar com outros envolvidos no caso ou discutir o conteúdo da delação.

Caso as mensagens sejam confirmadas, isso pode levar à anulação do acordo de delação e à revisão dos benefícios concedidos ao tenente-coronel. Se o acordo for cancelado, ele terá que responder pelos mesmos crimes dos outros réus. Caso seja condenado, poderá enfrentar penas de até 40 anos de prisão.

Em contrapartida às revelações feitas, Cid havia solicitado perdão judicial ou, no máximo, uma pena de até dois anos.

Já a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator na ação penal da trama golpista, sustenta que as mensagens reveladas pela revista VEJA nesta quinta-feira (12) e atribuídas ao militar não são verdadeiras e afimar que irá ao STF.

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