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Lula repudia sanções dos EUA a ministros do STF: “Ato arbitrário e sem fundamento”

Presidente denuncia interferência internacional e reafirma apoio ao Supremo após suspensão de vistos por parte do governo americano

 

Reação imediata do Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “arbitrária e sem qualquer fundamento jurídico” a decisão do governo dos Estados Unidos de suspender os vistos de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de familiares próximos. Em nota oficial divulgada nesta sexta-feira (19), o chefe do Executivo afirmou que a medida norte-americana representa um ataque direto à soberania nacional e uma tentativa de intimidação do Judiciário brasileiro.

“Ao cercear o direito de ir e vir de magistrados por atos praticados no exercício de suas funções constitucionais, os Estados Unidos ultrapassam uma linha perigosa de ingerência externa”, destacou o presidente, em pronunciamento feito no Palácio do Planalto.


Ministros do STF e famílias afetados

A decisão, tomada pelo Departamento de Estado dos EUA, atingiu diretamente o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Suprema Corte, como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Familiares próximos também foram afetados, com a revogação imediata dos respectivos vistos diplomáticos e de turismo.

Conforme apurado, a ação foi motivada por supostos excessos nas decisões judiciais que embasaram operações da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, recentemente alvo de mandados autorizados pelo STF.


Leitura do governo brasileiro

Ainda que os EUA não tenham emitido um comunicado oficial detalhado sobre os critérios para a medida, o governo brasileiro interpreta o ato como uma retaliação política, especialmente no contexto das investigações em curso envolvendo o bolsonarismo.

“Não aceitaremos pressões externas sobre nossas instituições. O Brasil é um país soberano e seu sistema de Justiça atua com base nas leis e na Constituição”, enfatizou Lula. Ele também afirmou que as autoridades atingidas pela medida contam com o respaldo integral do seu governo, reforçando a independência entre os Poderes como pilar essencial da democracia.


Crise diplomática em escalada

A suspensão dos vistos ocorre em um momento já conturbado nas relações entre os dois países. Recentemente, os EUA anunciaram a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, como aço, soja e carne, o que elevou o tom da crise bilateral.

Diplomatas ouvidos sob condição de anonimato reconhecem que o clima entre Brasília e Washington se deteriorou com rapidez. Além das tarifas, há relatos de pressão de congressistas americanos ligados ao Partido Republicano para o endurecimento contra o STF, sob a alegação de violações a direitos políticos de conservadores brasileiros.


Próximos passos e mobilização

O Itamaraty informou que está avaliando a possibilidade de convocar o embaixador brasileiro em Washington para consultas, o que pode sinalizar uma deterioração formal das relações diplomáticas. Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal deve emitir uma nota institucional ainda nesta sexta-feira.

Apesar do cenário turbulento, Lula disse acreditar que o diálogo ainda é possível. “Mesmo diante de medidas hostis, seguimos comprometidos com a paz, o multilateralismo e o respeito mútuo. Mas não aceitaremos agressões disfarçadas de política externa”, concluiu.


Contexto internacional

Analistas apontam que a tensão atual reflete também o cenário político dos Estados Unidos, onde o ex-presidente Donald Trump tem aumentado seu apoio a Jair Bolsonaro e a aliados investigados no Brasil. A reaproximação entre os dois ex-mandatários pode estar influenciando decisões da diplomacia americana em pleno ano eleitoral.

Enquanto isso, o Brasil reforça sua posição em foros internacionais, buscando apoio de parceiros como União Europeia e países do BRICS para conter os impactos econômicos e diplomáticos gerados pelas sanções unilaterais dos EUA.


Com isso, a crise entre Brasil e Estados Unidos atinge um novo patamar, envolvendo diretamente as instituições do Judiciário e gerando um impasse que pode ter desdobramentos tanto no campo político quanto comercial.

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