Temer critica decisão dos EUA de cassar vistos de ministros do STF e defende diálogo entre Lula e Trump
Ex-presidente afirma que medida é “inadmissível” e cobra postura diplomática do governo brasileiro
O ex-presidente Michel Temer se manifestou nesta quarta-feira (24) contra a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar os vistos de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares. A ação, atribuída à gestão de Donald Trump, teria sido motivada pelas investigações da Polícia Federal envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para Temer, a medida é “inadmissível, desproporcional e sem justificativa plausível”. Segundo ele, o Brasil deve agir com cautela e buscar a recomposição do diálogo diplomático com os Estados Unidos.
“Não se pode permitir que um ato dessa natureza abale as relações históricas entre os dois países. O momento exige sensatez e diplomacia”, afirmou o ex-presidente, em nota divulgada à imprensa.
Tensão diplomática
A revogação dos vistos foi confirmada por fontes diplomáticas e teria atingido ao menos oito magistrados do Supremo, incluindo Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Dias Toffoli. Todos são considerados alvos políticos por setores ligados ao trumpismo.
A decisão foi interpretada como uma retaliação à atuação do STF e da Polícia Federal em investigações envolvendo Bolsonaro e seus aliados. Desde o início de julho, a tensão entre os governos brasileiro e norte-americano tem se intensificado, também em razão da imposição de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros.
Lula reage e convoca chanceler
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a medida como “arbitrária e inaceitável”. Em nota oficial, o Palácio do Planalto informou que a revogação dos vistos representa “uma tentativa de intimidação contra o sistema de justiça brasileiro”.
Na semana passada, Lula convocou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma reunião emergencial no Palácio da Alvorada, antes de seguir para o Chile, onde participa de uma cúpula internacional sobre democracia.
“O Judiciário brasileiro é soberano. Nenhum país pode desrespeitar os magistrados que defendem nossa Constituição”, declarou Lula.
Apelo ao diálogo
Diferente do tom adotado pelo Planalto, Michel Temer defendeu uma abordagem mais pragmática. Para ele, o caminho para reverter a crise passa por uma conversa direta entre Lula e Trump, evitando o agravamento do conflito bilateral.
“A diplomacia não pode ser substituída por reações impulsivas. É preciso abrir canais de diálogo e restabelecer o entendimento institucional”, concluiu Temer.