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Ações dos EUA despencam após recuo no PIB e resultados corporativos fracos

Os principais índices de Wall Street caem fortemente nesta quarta-feira (30) após dados mostrarem que a maior economia do mundo contraiu no primeiro trimestre, amplificando preocupações sobre o impacto econômico das políticas tarifárias do presidente Donald Trump.

Os dados econômicos também alimentaram uma ampla venda impulsionada por uma série de resultados corporativos fracos. O índice de volatilidade CBOE, visto como o indicador de medo de Wall Street, subiu 3,53 pontos para 27,69, seu nível mais alto em quase uma semana.

No fim da manhã, o índice S&P 500 caía 0,85%, o Dow Jones tinha queda de 0,54% e o Nasdaq afundava 1,23%. No último dia de abril, os três índices estão a caminho de suas terceiras perdas mensais consecutivas.

Gigantes como Nvidia, que caiu quase 4%, e Tesla, que despencou 6%, puxaram o índice Nasdaq para baixo. As quedas foram generalizadas, com a maioria dos setores do S&P 500 no vermelho e o índice de energia liderando as perdas com uma queda de 3%.

Meta e Microsoft caíram 2,6% e 0,9% antes da divulgação de seus resultados trimestrais, previstos para pós o fechamento dos mercados. O Starbucks despencou 7,2% depois que a rede de cafeterias informou na terça-feira (29) à noite que o lucro líquido trimestral caiu pela metade em relação ao ano anterior.

Os resultados trimestrais das empresas também movimentaram negativamente as ações. A Super Micro Computer —uma fornecedora-chave para a Nvidia— caiu até 20% após divulgar expectativas de receita e lucro por ação muito abaixo do esperado por analistas.

A controladora do aplicativo Snapchat afirmou que não forneceria uma previsão financeira para o segundo trimestre, e as ações caíram cerca de 15%. A Norwegian Cruise Line despencou 10% após não atingir as estimativas de lucros do primeiro trimestre

AÇÕES EUROPEIAS, TÍTULOS E COMMODITIES TAMBÉM REAGEM

As ações europeias repercutiram os dados dos EUA e acompanharam a queda americana. O indicador de ações da MSCI em todo o mundo 0,97%, o índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,12% e o amplo índice FTSEurofirst 300 da Europa caiu 0,18%.

As ações dos mercados emergentes, por outro lado, subiram 0,42%. O índice mais amplo da MSCI de ações da Ásia-Pacífico fora do Japão fechou em alta de 0,78%, a 580,07, enquanto o Nikkei do Japão subiu 0,57%.

O PIB fraco do primeiro trimestre também afetou os Títulos do Tesouro dos EUA. O rendimento dos títulos de dez anos caiu 1 ponto base, para 4,164%, e o de 30 anos subiu 1,5 ponto base para 4,6626%.

O rendimento da nota de dois anos, que normalmente se move em linha com as expectativas de taxa de juros para o Fed, caiu 4,5 pontos base para 3,613%.

O dólar manteve seus ganhos mesmo após os dados econômicos decepcionantes. O índice que mede o dólar americano contra uma cesta de moedas, incluindo o iene e o euro, subiu 0,26%, com o euro caindo 0,19%.

Preocupações com a saúde da maior economia do mundo atingiram os mercados de commodities, com os preços inclinando-se para sua maior queda em mais de três anos. O petróleo bruto dos EUA caiu 1,89% para US$ 59,30 o barril e o Brent caiu para US$ 63,22 por barril, uma queda de 1,6% no dia.

Em sua rede social Truth Social, nesta quarta, Trump culpou seu antecessor democrata, Joe Biden, pelo movimento negativo do mercado financeiro e disse que suas tarifas começarão um “boom” nunca visto antes no país.

“Nosso País vai prosperar, mas temos que nos livrar do ‘Peso’ de Biden. Isso levará algum tempo, NÃO TEM NADA A VER COM TARIFAS, apenas que ele nos deixou com números ruins, mas quando o boom começar, será como nenhum outro. SEJA PACIENTE!!!”, diz a publicação de Trump.

Mas Peter Cardillo, Economista-Chefe de Mercado da Spartan Capital Securities em Nova York, atribui a responsabilidade ao republicano. “Chegamos a esses números por causa das políticas de Trump. Elas criaram incerteza e quando você cria incerteza, ninguém vai pisar no acelerador”, disse Cardillo.

Os dados desta semana também mostraram inflação ligeiramente mais alta do que o esperado. O índice de Despesas de Consumo Pessoal —a medida preferida do Fed para o crescimento dos preços— subiu 2,3% ano a ano em março.

“A inflação mais elevada, alimenta a narrativa de estagflação e limita o que o Fed pode fazer para ajudar à medida que o sentimento econômico azeda”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do ING.

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