Brasília

Mesmo sem assinar requerimento, PT consegue presidência de CPI do crime organizado

Comissão pretende apurar crescimento de facções e milícias

O Senado Federal instalou, nesta terça-feira (4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, com o objetivo de investigar o avanço das facções criminosas e das milícias em diferentes regiões do país. A comissão foi criada por iniciativa do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e terá prazo inicial de 120 dias para funcionar, podendo ser prorrogada conforme necessidade.

Durante a sessão, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito presidente da CPI, em uma votação apertada — 6 votos a 5. Já o próprio Alessandro Vieira assumiu a relatoria dos trabalhos. A disputa pela liderança refletiu a tensão entre governistas e oposicionistas, que prometem dar tons distintos à investigação.


“Décadas de omissão e corrupção”, afirma relator

Ao assumir a relatoria, Alessandro Vieira destacou que o foco da comissão será entender como o crime organizado ganhou espaço nos últimos anos. Segundo ele, o país vive um reflexo de “décadas de omissão, corrupção e erros”, que permitiram o fortalecimento das facções.

Além disso, o parlamentar defendeu que a CPI mantenha uma atuação técnica, com base em dados e evidências. “Não se trata de buscar culpados isolados, mas de identificar falhas sistêmicas e cobrar soluções concretas”, ressaltou.


Contexto: operações no Rio reacenderam debate

A instalação da CPI ocorre em meio à repercussão das recentes operações policiais nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultaram em mais de 120 mortes. Os episódios trouxeram novamente à tona o debate sobre o enfrentamento ao crime e o uso da força nas comunidades.

Nesse contexto, a criação da comissão foi vista como uma resposta institucional à escalada da violência. Além de apurar a atuação das facções, os senadores devem analisar a responsabilidade de autoridades estaduais e federais no combate ao crime organizado.


Próximos passos e possíveis convocações

Nas próximas semanas, os integrantes da CPI vão definir o cronograma de audiências e as primeiras convocações. Devem ser chamados governadores, secretários de segurança e representantes de órgãos federais, para esclarecer as políticas e ações de combate às organizações criminosas.

Embora a CPI tenha caráter investigativo, o relatório final poderá gerar propostas de novas leis e recomendações a diferentes esferas do poder público. No entanto, há o risco de que a comissão se transforme em palco de disputas políticas, especialmente em ano pré-eleitoral.


Segurança pública no centro da pauta nacional

O avanço do crime organizado tem se tornado um dos principais desafios do país e deve seguir no centro das discussões no Congresso. Com a CPI instalada, cresce a expectativa de que o tema ganhe mais visibilidade e que novas medidas sejam debatidas para fortalecer o enfrentamento à criminalidade.

A CPI do Crime Organizado promete ser um dos principais focos políticos de 2025, mobilizando governo, oposição e sociedade civil em torno de um dos temas mais sensíveis da agenda nacional.

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