Planalto avalia que candidatura de Flávio Bolsonaro favorece Lula em 2026
A escolha de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato do PL à Presidência da República em 2026 repercutiu imediatamente no Palácio do Planalto. Segundo interlocutores do governo, o anúncio feito pelo próprio senador — após indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, preso desde novembro — cria um cenário considerado mais confortável para a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Auxiliares do Executivo avaliam que Flávio enfrenta maior dificuldade para atrair o Centrão e eleitores moderados. Pesquisas internas mostram o senador atrás de Lula em todos os cenários avaliados, o que, na visão do governo, o torna um adversário menos competitivo do que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que decidiu permanecer na disputa pela reeleição em São Paulo.
Bolsonaro pode mudar a escolha
Apesar da oficialização, o Planalto acredita que a decisão de Jair Bolsonaro — preso e politicamente fragilizado — ainda pode mudar. Assessores de Lula avaliam que uma reorganização interna da direita ou alianças futuras podem levar o ex-presidente a reconsiderar a indicação até o prazo final de registro.
Racha público no clã Bolsonaro
A crise interna no bolsonarismo tornou-se mais evidente após a prisão de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por liderar uma tentativa de golpe. Nos bastidores, disputas familiares e partidárias se intensificaram.
O episódio mais recente envolveu Michelle Bolsonaro, que criticou a aproximação da direção do PL no Ceará com Ciro Gomes (PSDB). A fala irritou dirigentes da sigla e contrariou o próprio ex-presidente, que havia autorizado o apoio.
A situação gerou atrito direto com Flávio, que repreendeu Michelle — gesto que foi acompanhado por Carlos, Eduardo e Jair Renan.
A escolha por Flávio expôs também o racha entre o bolsonarismo raiz e a ala mais moderada da direita. Nas redes sociais, perfis ligados ao núcleo fiel celebraram a indicação, enquanto aliados de Tarcísio demonstraram frustração e apontaram “autossabotagem”.
A “missão” de Flávio em 2026
Ao comentar publicamente a decisão do pai, Flávio disse assumir a “missão” com responsabilidade e classificou Bolsonaro como “a maior liderança política e moral do Brasil”.
O senador afirmou que intensificará viagens pelo país para consolidar sua pré-candidatura e fortalecer a unidade interna do PL. Para o ex-presidente, Flávio reúne vantagens estratégicas: diálogo com setores econômicos, menor radicalização e apoio de nomes influentes como Tarcísio e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL).
Cenários eleitorais no bolsonarismo
No núcleo familiar, Flávio é avaliado como o nome de maior previsibilidade, em comparação aos irmãos Eduardo, Carlos e Jair Renan.
O rearranjo interno também deve abrir espaço para Michelle Bolsonaro, que tende a disputar uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal. O PL trabalha ainda com a possibilidade de que um partido de centro indique o vice na chapa.
