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EUA iniciam investigação sobre práticas comerciais do Brasil

Decisão da gestão Trump pode impactar exportações brasileiras e gerar nova disputa na OMC


Washington mira práticas comerciais brasileiras

O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, anunciou a abertura de uma investigação formal contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. A medida foi tomada com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana e pode levar a retaliações ainda mais duras caso Washington considere que houve violação das regras internacionais.

Simultaneamente, foi determinada a elevação da tarifa de importação para 50% sobre todos os produtos brasileiros que entram no mercado norte-americano. A nova taxa entrará em vigor a partir de 1º de agosto de 2025.


Acusações incluem barreiras digitais e processo contra Bolsonaro

Segundo o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), o Brasil estaria impondo restrições indevidas ao comércio digital, prejudicando empresas americanas como Truth Social, rede social associada ao ex-presidente Trump. Além disso, o governo dos EUA apontou preocupações quanto à condução do processo judicial contra Jair Bolsonaro, que, de acordo com Trump, vem sendo alvo de uma “caça às bruxas”.

“Não permitiremos que parceiros comerciais limitem a liberdade econômica de nossas empresas ou interfiram em nossos valores democráticos”, disse Trump em comunicado divulgado à imprensa.


Entenda a Seção 301

A investigação foi iniciada sob os termos da Seção 301, um mecanismo legal que permite ao governo americano analisar e responder a práticas de comércio exterior consideradas injustas. O processo poderá durar até 12 meses e envolve audiências públicas, consultas a especialistas e ao governo brasileiro.

Caso a investigação confirme as suspeitas, outras sanções econômicas podem ser adotadas — inclusive a imposição de novas tarifas ou embargos comerciais.


Brasil promete reação e cogita recorrer à OMC

Em resposta à medida, o governo brasileiro declarou que vai recorrer aos instrumentos disponíveis na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo fontes do Itamaraty, retaliações equivalentes também estão sendo avaliadas internamente, respeitando o princípio de reciprocidade.

“O Brasil reitera seu compromisso com as normas multilaterais e repudia medidas unilaterais que distorcem o comércio internacional”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em nota oficial.


Setores mais afetados

A tarifa de 50% afeta diretamente exportações brasileiras avaliadas em cerca de US$ 20 bilhões anuais. Entre os setores mais impactados estão:

  • Agronegócio (carne bovina, suco de laranja e café)

  • Siderurgia

  • Aeronáutico

  • Minério de ferro e cobre

Especialistas alertam que os custos adicionais podem tornar os produtos brasileiros menos competitivos no mercado americano, o que tende a gerar queda no volume exportado e possíveis demissões no setor produtivo.


Especialistas veem motivação política

Embora o governo dos EUA alegue motivos comerciais, analistas internacionais observam que a medida tem forte conteúdo político. A retórica contra o julgamento de Jair Bolsonaro e a defesa de empresas ligadas ao ex-presidente americano são vistas como tentativas de reforçar sua base eleitoral em pleno ano de campanha.

“O uso da Seção 301 neste contexto soa mais como retaliação ideológica do que como política comercial tradicional”, avalia a economista Maria Tavares, da USP.


Governo brasileiro adota resposta moderada

Diferentemente do que chegou a ser cogitado inicialmente, o governo brasileiro decidiu não retaliar os Estados Unidos. Após reuniões no Itamaraty e com a equipe econômica, foi adotada uma estratégia diplomática e legal, priorizando o diálogo e a atuação multilateral.

“O Brasil não deseja transformar esse episódio em uma guerra comercial”, comunicou o Governo.

Com isso, o país tenta evitar uma escalada de tensões e mantém aberto o caminho para negociações, mesmo diante das perdas projetadas para o setor exportador.

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